sábado, 29 de junho de 2013

Polígamos consideram decisões da Suprema Corte dos EUA promissoras

Polígamos veem a revogação do DOMA e da Proposição 8 pela Suprema Corte dos EUA como um passo para uma maior aceitação social – e por sua vez, legal – da poligamia. Estudiosos legais, por outro lado, não estão tão otimistas.

As decisões histórica da Suprema Corte dos Estados Unidos sobre o casamento gay deram um sentimento de otimismo não só para a comunidade gay e lésbica: polígamos também estão lendo esperança nas entrelinhas.

No seu voto para EUA vs. Windsor, o Juiz Kennedy argumentou que a Lei de Defesa do Casamento, que define o casamento estritamente como entre um homem e uma mulher, é inconstitucional porque marca homossexuais como cidadãos de segunda categoria. Minutos depois, o presidente da Corte, juiz Roberts, derrubou a Proposição 8, uma emenda constitucional que baniu o casamento de pessoas do mesmo sexo na Califórnia

Enquanto essas decisões afetam diretamente apenas os estados que legalizaram o casamento de pessoas do mesmo sexo, aqueles que apoiam uniões plurais veem as revogações como um progresso para sua causa porque elas ampliam a definição de casamento.

A poligamia tem recebido exposição popular nos Estados Unidos devido a programas como Sister Wives, do canal pago TLC, e Amor Imenso, da HBO, e especialistas estimam que há entre 30.000 e 50.000 pessoas em uniões polígâmicas em todos os EUA. Embora polígamos residem por todo o país, os maiores enclaves se encontram em Utah, Arizona e outros estados do sudoeste devido às grandes populações de mórmons fundamentalistas vivendo ali.

Anne Wilde, uma mórmon fundamentalista e fundadora da organização de defesa dos direitos dos polígamos Principle Rights Coalition, espera que essas decisões representem um movimento em favor da descriminalização da poligamia.

"Acho que é um passo na direção certa", disse. "Como adultos em idade de consentimento, temos o direito de formar nossas famílias como acharmos conveniente, desde que não hajam outros crimes envolvidos (além da poligamia)".

Apesar de suas opiniões contrastantes em outras questões, defensores tanto a favor como contra a poligamia veem essas duas decisões como instrumentais para abrir as comportas para os casamentos plurais.

Tim Wildmon, presidente da Associação da Família Americana, centrada em valores cristãos, diz que derrubar a definição tradicional de casamento como sendo entre um homem e uma mulher deslegitima o argumento moral contra a poligamia.

"Isso abre a caixa de Pandora sobre como se define casamento neste país", disse. "Por que não ter três homens e duas mulheres se eles se amam? Por que limitar (o casamento) a duas pessoas?"

Mas a trajetória em direção a legalizar a poligamia não é tão simples, dizem estudiosos legais.

David Cohen, professor da Universidade Drexel especializado em direito de família, diz que a falta de aceitação generalizada da poligamia não é um bom presságio para sua legalização.

"Não há um movimento político neste país que esteja sequer perto de trazer os mesmos ganhos para a poligamia que foram trazidos para o casamento gay", diz.

Judith Areen, professora de Direito na Universidade de Georgetown, disse que os resultados desses dois casos são mais reveladores dos direitos do estado do que o potencial para a poligamia. Portanto, apenas o apoio à prática dentro dos estados traria essa mudança à tona.

"Se você está em um estado que não reconhece o casamento gay, esse estado não reconhecerá a decisão de Windsor", diz. "Esses casos sugerem que estados têm autoridade. Então enquanto os estados estão divididos sobre o casamento gay, eles são uniformes sobre a poligamia".

Ao contrário de outros nesse campo, Mark Goldfeder, professor de Direito na Universidade Emory, acha que as duas decisões têm impacto significante sobre o futuro da poligamia nos Estados Unidos. Goldfeder, que é especialista na interseção entre Direito e religião, diz que as cortes precisarão encontrar outras justificativas para manter estatutos anti-poligamia no lugar.

"É cem por cento provável que esses casos polígamos virão, mas eles não serão mais sobre se um relacionamento é imoral", diz Goldfeder. "A corte olhará se esses relacionamentos são prejudiciais a terceiros".

terça-feira, 25 de junho de 2013

Defensora do poliamor diz que o casamento gay "abre o caminho" da igualdade no casamento

É improvável que decisões da Suprema Corte sobre o casamento tenham impacto direto no status da poligamia e de outros relacionamentos com várias pessoas

A Suprema Corte dos EUA pode decidir a qualquer momento sobre contestações a duas leis que impedem o reconhecimento legal de casamentos de pessoas do mesmo sexo - a Lei de Defesa do Casamento (federal) e a Proposição 8, aprovada por eleitores da Califórnia - mas defensores de casais poliamorosos dizem que a "igualdade no casamento" para esse grupo minoritário é improvável num futuro imediato.

Anita Wagner Illig, uma porta-voz de longa data da comunidade poliamorosa que opera o grupo Poliamor Prático, não está certa do impacto direto de uma decisão que legalizaria o casamento de pessoas do mesmo sexo em todo o país.

Até recentemente, ela notou, "a comunidade poliamorosa expressou pouco desejo pelo casamento legal", mas agora mais opções parecem possíveis no futuro. "Nós poliamorosos estamos gratos por nossos irmãos e irmãs [LGBT] por abrirem o caminho da igualdade no casamento", disse Illig.

Illig acredita que na verdade há uma "ladeira escorregadia" com respeito ao reconhecimento legal da poligamia se a corte decidir em favor do casamento de pessoas do mesmo sexo no país inteiro, um argumento tipicamente invocado por detratores do casamento gay. "Um resultado favorável pela igualdade no casamento é um resultado favorável ao casamento com múltiplos parceiros porque a oposição não pode argumentar falta de precedentes para legalizar o casamento para outras formas de relacionamentos não-tradicionais", disse.

Mas Illig reconhece, "haverá um monte de reorganização necessária do sistema legal para estabelecer igualdade no casamento para casamentos com mais de duas pessoas. Um casamento de duas pessoas do mesmo sexo requer muito menos em termos de adaptação dos sistemas atuais, tais como Previdência Social, por exemplo, para acomodá-lo".

"É difícil prever" os efeitos colaterais legais possíveis das decisões da Suprema Corte" já que [os casos são] sobre reconhecimento oficial ao invés de criminalização", disse Jonathan Turley, professor de Direito da Universidade George Washinton, ao U.S. News.

Turley representa a família Brown, composta de quatro esposas e um marido, em sua contestação à lei de coabitação do estado de Utah. A família Brown estrela o reality show Sister Wives, do canal por assinatura TLC, que registra a vida diária da família, como também sua ida de Utah para Nevada depois que autoridades locais começaram a vigiá-los e abertamente considerar acusações criminais contra eles.

"Não há razão para que a decisão tenha impacto sobre a poligamia e particularmente sobre o caso da família Brown em Utah", disse Turley. "Polígamos estão onde casais homossexuais estavam antes de 2003 e da decisão Lawrence vs. Texas", um caso que derrubou leis contra relações consensuais entre pessoas do mesmo sexo, disse. "Nossa contestação é sobre a criminalização de relacionamentos plurais, não o reconhecimento de tais relacionamentos".

Numa entrevista datada de março com o NPR, Turley disse que muitas famílias polígamas são como os Brown. "Elas são muito modernas. As mulheres acreditam no divórcio. Elas vivem em cidades. Elas têm empregos. Mas são tratadas como criminosas", disse.

Pesquisas mostram que a aprovação de relacionamentos poliamorosos é baixa. Uma pesquisa do instituto Gallup realizada no mês passado descobriu que 59 por cento dos americanos considerava relações homossexuais moralmente aceitáveis, comparado com uma aprovação de apenas 14 por cento da poligamia.

Ao contrário da família Brown, que pertence a uma denominação mórmon fundamentalista, a base do relacionamento de Illig não é religiosa. Ela tem um marido que também tem uma namorada.

"Eu queria certamente buscar o casamento com múltiplos parceiros", disse. "Ele eliminaria um desafio comum que poliamorosos enfrentam quando duas [pessoas] estão legalmente casadas e outros em seus relacionamentos grupais não são parte daquele casamento".

As informações são do site U.S. News.

Petição online a favor da poligamia

O amigo Christiano José Jabur, de Assis (SP), criou uma petição a favor da descriminalização da poligamia no Brasil. A petição foi criada no Avaaz e é direcionada aos presidentes do Senado, Renan Calheiros, e da Câmara Federal, Henrique Eduardo Alves. Para votar na petição, basta clicar aqui e seguir as instruções. Ajude a divulgar a petição e envie o link para seus amigos e parentes que sejam a favor desse tema e peça para que eles enviem a petição adiante. Quanto mais assinaturas tivermos, melhor.

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Dia dos Pais nos EUA: polígamos

Foto: Divulgação/National Geographic Channel
Famílias polígamas modernas estão criando uma mudança social na sociedade. Reality shows como Sister Wives e Polygamy, USA têm levado a um melhor entendimento desse estilo de vida. No mínimo, a revelação de sua dinâmica relacional sob escrutínio público lançou luz sobre os aspectos normalizados da unidade familiar. Durante este Dia dos Pais, eles experimentarão louvor e honra por sua dedicação às suas respectivas famílias. Os pais polígamos recebem mais ou menos louvores por suas contribuições? Em Polygamy, USA, Michael Cawley mantém a responsabilidade de três esposas e 18 filhos.

Numa entrevista com a correspondente da rede ABC Cecília Vega, Rose Marie Cawley, de 19 anos, explica sua jornada espiritual para encontrar o marido polígamo com quem ela está destinada a se casar. Vega pergunta a Michael Cawley se ele se importaria se sua filha se casasse com um homem de 70 anos.

Cawley respondeu: "Se é essa a resposta, que vem de nosso Pai Celestial, ótimo".

Essa afirmação pode provocar um grande choque do público, apesar dos aspectos normais de uma família polígama moderna. Muitos consideram um relacionamento entre uma mulher de 19 anos com um homem de 70 terrível, apesar das convicções religiosas.

No entanto, tem havido inúmeros relatos de mulheres mais jovens que se casam com homens bem mais velhos, sem quaisquer razões espirituais. Tipicamente, esses casos possuem um elemento financeiro no processo de decisão. Embora a sociedade possa ainda considerar esse tipo de relacionamento não-religioso inquietante, nós diferenciamos entre os dois cenários? Em outras palavras, importa se uma mulher escolhe um homem por razões religiosas ou por benefícios financeiros?

Michael Cawley decidiu expor sua vida como polígamo para o público a fim de descriminalizar a poligamia, que é ilegal nos 50 estados dos EUA. Ele menciona que a poligamia deveria ser considerada uma religião, não um crime.

Se um pai permite que sua filha se case com quem Deus escolhe para ela, a lei intervém e onde? Com 18 filhos em suas mãos, Michael ainda planeja ter mais, enquanto busca mais esposas. O homem deveria ter liberdade de ter quantas mulheres escolher juntamente com inúmeros filhos? Isso leva a uma discussão pública sobre controle populacional, mudanças econômicas numa dinâmica familiar, preocupações legais e impacto ambiental.

Vega pergunta à primeira esposa se ela tem escolha sobre quantas esposas podem se unir à família. Ela responde: "Na verdade não, porque do modo como eu entrei na família que eu acreditava que eu pertencia ao Michael, eu não posso dizer que ninguém mais pertence a ele. Isso é entre Michael e Deus".

A agência das mulheres num relacionamento polígamo é debatido regularmente entre estudiosos, comentaristas, feministas e críticos. Como Vega revela, embora as mulheres tenham o direito de escolher seu marido polígamo, isso é delegado por uma figura masculina, Deus, a quem elas se referem como "Ele" ou "Pai".

Dado a aceitação de Michael Cawley da hipotética escolha de sua filha (a escolha de Deus, de se casar com um homem de 70 anos de idade, o que isso implica em futuras situações comprometedoras? Por exemplo, e se esse homem mais velho abusasse dela com a desculpa de que era a vontade de Deus? Michael Cawling aceitaria tal afirmação? Isso ressalta a importância de como essa construção relacional em particular impacta a sociedade.

Embora seja impressionante que Cawley seja capaz de criar e prover para 18 filhos, não vamos nos esquecer que ele tem a assistência dedicada e a lealdade de três esposas. Kody Brown, pai e polígamo, no reality show Sister Wives é citado dizendo: "Amar múltiplas esposas é como amar múltiplos filhos". Essa observação sem escrúpulos provoca um obstáculo para a legalização ou a aceitação dessa dinâmica familiar dentro da sociedade. A sociedade já permite que relacionamentos opressivos operem legalmente dentro das construções heteronormativas da monogamia. Acolhemos bem a liberdade de uma família de escolher seu estilo de vida mesmo se ela negar os direitos individuais dentro da unidade? O Dia dos Pais é sobre agradecer, respeitar e honrar os homens que nos criaram. Nesse dia, torna-se, de alguma maneira, mais louvável ser um pai polígamo?

As informações são do blog de Andreea Nica, do Huffington Post.

sábado, 8 de junho de 2013

Ex-vereadora paulistana Soninha Francine (PPS) apoia descriminalização da poligamia

A ex-VJ da MTV Brasil e ex-vereadora de São Paulo pelo PT (atualmente no PPS) Sonia Francine Gaspar Marmo, mais conhecida como Soninha Francine, apoia a descriminalização da poligamia no Brasil, desde que regras sejam "aperfeiçoadas/criadas para garantir direitos de descendência, por exemplo" e independente de a poligamia ajudar ou não a diminuir o número de traições no país. Ela fez a afirmativa em seu perfil no site ask.com, onde respondeu uma pergunta de um usuário do site. Clique aqui para ver a resposta da ex-vereadora e candidata a prefeita de São Paulo. Se preferir, clique na imagem abaixo para ver a reprodução da resposta, caso ela seja apagada do perfil de Soninha pelos responsáveis pelo site.

Ex-membro de seita poligâmica diz que a descriminalização pode ajudar a acabar com abusos

Um crescente número de pessoas está deixando comunidades poligâmicas depois de lutar com éditos e abusos, disseram ontem grupos sem fins lucrativos que lidam com comunidades fundamentalistas em Utah.

Quando elas deixam as sociedades fechadas, elas frequentemente entram num mundo novo e estranho — com poucos recursos.

"Viver a poligamia é um estilo de vida desafiador. Abandonar a poligamia é desafiador", disse Shelli Mecham, coordenadora do Comitê Safety Net, uma coalizão de funcionários do governo, grupos se serviço social, ativistas, ex-membros e membros ativos de grupos fundamentalistas criado para fornecer recursos para vítimas de abuso dentro de comunidades poligâmicas.

O grupo, apoiado pelo Centro de Apoio à Família, realizou uma conferência sexta-feira para assistentes sociais, terapeutas e outros funcionários do governo , para que eles aprendam a lidar com pessoas que enfrentam abusos e outros problemas dentro de uma sociedade isolada. Ex-membros de alguns dos grupos poligâmicos compartilharam suas histórias sobre como suportaram anos de abuso e encontraram forças para sair.

Tonia Tewell, diretora do grupo sem fins lucrativos Holding Out Help, disse que viu um aumento estável de pessoas abandonando a Igreja Fundamentalista de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (FLDS, na sigla em inglês), na divisa entre os estados do Arizona e de Utah. Ela disse que isso acontece por causa dos éditos cada vez mais bizarros sendo elaborados pelo líder da Igreja FLDS, Warren Jeffs, que está preso.

"Warren provavelmente está mais no comando hoje do que jamais esteve. He vai cair como um mártir", disse ela à emissora de TV FOX 13. "Ele não morreu oficialmente mas está definitivamente mais poderoso hoje do que nunca".

Jeffs está servindo prisão perpétua, mais de 20 anos de cadeia, numa prisão do Texas por agressão sexual a crianças. Tewell disse que o êxodo estável de pessoas que escolhem deixar ou são expulsos está sobrecarregando os recursos de seu grupo.

"Uma vez que você é expulso, você perde sua família, você perde seus amigos, você perde toda a sua estrutura de apoio, sua religião, você sai com as roupas nas costas e, se tiver sorte, seus filhos", disse. "É de partir o coração".

Num entrevista para a FOX 13 sexta-feira, a principal testemunha num processo criminal contra Jeffs sugeriu que a descriminalização da poligamia pode ajudar a quebrar o ciclo de abusos.

"Acho que possivelmente criaria algumas soluções interessantes para os problemas", disse Elissa Wall. "E permitiria para as pessoas que escolhem viver desse modo sair do armário e começar a ter um impacto geracional nas pessoas que são educadas".

Wall tinha 14 anos quando foi forçada a casar com seu primo numa cerimônia presidida por Jeffs. Ela testemunhou contra ele num caso que levou à sua condenação numa acusação de estupro como cúmplice. A condenação de Jeffs foi derrubada pela Suprema Corte de Utah.

"A poligamia é o grande véu que acoberta abuso infantil, falta de educação, abuso contra esposas, abuso físico, mental, todas essas coisas diferentes...", disse Wall ontem.

Nos anos desde que Jeffs foi condenado, Wall tem sido franca sobre os abusos dentro da poligamia, incluindo casamento com menores de idade. Ela disse que continua trabalhando com pessoas que vivem em casamentos plurais e com aquelas que escolheram deixar o estilo de vida. Wall disse que seu foco agora não é a poligamia em si, mas em parar com o abuso e impedir que crianças sejam prejudicadas.

Ela disse que a descriminalização da poligamia pode criar um ambiente de "consentimento informado", onde pessoas escolheriam se querem viver nesse estilo de vida, acabando com gerações de sigilo.

"Se [a poligamia] for descriminalizada e você der a homens e mulheres o direito de escolha, você criaria um ambiente muito mais saudável tanto para a própria comunidade quanto para as pessoas vivendo nela", disse Wall à FOX 13. "Porque as pessoas poderiam entrar e sair se escolherem. Mais do que qualquer coisa, minha crença pessoal é que criando essa fundação para um estilo de vida poligâmico saudável é o único modo que vamos impactar a juventude. É o único modo que vamos protegê-la".

Algumas das pessoas que ainda vivem — e acreditam — no princípio do casamento plural insistem que a descriminalização permitiria às pessoas relatarem abertamente potenciais abusos sem temer que a família inteira fosse processada.

"As pessoas estão com medo de virem à tona porque têm medo dos processos e isso, em alguns casos, impedem as pessoas de relatarem às autoridades sobre alguns potenciais abusos", disse uma mulher chamada Leslie, uma autodenominada mórmon fundamentalista.

Heidi Foster, membro da Sociedade Cooperativa do Condado de Davis, disse que os esforços de mobilização como o Comitê Safe Net só podem ajudar se as pessoas ainda temerem que a família inteira vai ser processada.

"Queremos contribuir com a sociedade. Queremos ser amigos de nossos vizinhos. Até que não sejamos considerados criminosos, não nos sentimos que realmente temos a oportunidade de servir nossa comunidade da maneira que queremos", disse.

O Gabinete do Procurador Geral de Utah tem uma política de longa data de não processar polígamos por causa de questões relacionadas à liberdade de religião. Mas os promotores têm acusado pessoas por bigamia em conjunto com outros crimes, como abuso e fraude.

O gabinete do procurador geral disse que a descriminalização é algo que os polígamos deveriam levar a seus legisladores. Alguns polígamos, recentemente, tem feito lobby na Assembléia Legislativa de Utah num esforço para levar os legisladores a considerarem a idéia.

Um processo judicial aberto pelo polígamo Kody Brown e suas esposas contestando a proibição do estado de Utah à poligamia está, atualmente, sendo questionado num tribunal federal. Kody e sua família são as estrelas do reality show Sister Wives, exibido, nos EUA e no Brasil, pelo canal por assinatura TLC.

Com informações do site da emissora de TV FOX 13.

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Um homem e uma mulher não é única configuração de família na Bíblia, afirmam teólogos

Nos EUA, em plena discussão sobre o casamento gay, três pesquisadores de importantes universidades de Iowa publicaram há cinco dias um estudo sobre a questão do casamento na Bíblia. Hector Avalos, Robert R. Cargill e Kenneth Atkinson são professores universitários e afirmam que a Bíblia não coloca o casamento como algo entre um homem e uma mulher, ao contrário. Confira o texto na íntegra traduzido por nós:
O debate sobre igualdade no casamento frequentemente centra-se, por mais que discretamente, num apelo à Bíblia. Infelizmente, tais apelos frequentemente refletem uma falta de conhecimento bíblico por parte daqueles que usam essa coleção complexa de textos como uma autoridade para decretar política social moderna.

Como estudiosos acadêmicos da Bíblia, desejamos esclarecer que os textos bíblicos não apoiam a alegação frequente de que o casamento entre um homem e uma mulher é o único tipo de casamento considerado aceitável pelos autores da Bíblia.

O fato de que o casamento não é definido apenas como aquele entre um homem e uma mulher reflete-se no verbete sobre "casamento" no competente Eerdmans Dictionary of the Bible (2000): "Casamento é uma expressão de padrões familiares de parentesco nos quais tipicamente uma mulher e pelo menos uma mulher coabitam publica e permanentemente como uma unidade social básica" (pág. 861).

A frase "pelo menos uma mulher" reconhece que a poligamia não apenas era permitida, mas algumas figuras bíblicas polígamas (p.ex. Abraão, Jacó) foram altamente abençoados. Em 2 Samuel 12:8, o autor diz que foi Deus quem Deus múltiplas esposas a Davi: "dei-te a casa de teu senhor e as mulheres de teu senhor em teus braços; (...) e, se isto fora pouco, eu teria acrescentado tais e tais coisas" (Revised Standard Version).

De fato, havia uma variedade of uniões e configurações familiares que eram admissíveis nas culturas que produziram a Bíblia e estas variavam da monogamia (Tito 1:6) àquelas em que vítimas de estupro eram forçadas a se casar com seu estuprador (Deuteronômio 22:28-29) e àquelas ordens de casamento levirato que obrigavam um homem a se casar com a viúva de seu irmão independente do estado civil do irmão vivo (Deuteronômio 25:5-10; Gênesis 38; Rute 2:4). Outros insistem que o celibato era a opção preferida (2 Coríntios 7:8, 28).

Embora alguns possam ver a interpretação de Jesus para Gênesis 2:24 em Mateus 19:3-10 como um endosso da monogamia, Jesus e outros intérpretes judeus concederam que havia também entendimentos não-monogâmicos dessa passagem no judaísmo antigo, incluindo aqueles que permitiam divórcio e segundo casamento.

Na verdade, durante uma discussão do casamento em Mateus 19:12, Jesus até encoraja aqueles que podem se castrar "para o reino" e viver uma vida de celibato.

Esdras 10:2-11 proíbe o casamento inter-racial e ordena àquelas pessoas de Deus que já tinham esposas estrangeiras a se divorciarem delas imediatamente.

Então, enquanto não é correto afirmar que os textos bíblicos permitiriam casamentos entre pessoas do mesmo sexo, é igualmente incorreto declarar que um casamento entre "um homem e uma mulher" é o único tipo de casamento admissível considerado legítimo nos textos bíblicos.

Este não é apenas nossa opinião acadêmica moderna. Esta visão de definições múltiplas de casamento "bíblico" tem sido reconhecido por alguns dos mais proeminentes nomes na cristandade. Por exemplo, o célebre reformacionista Martinho Lutero escreveu uma carta em 1524 na qual ele comentou sobre a poligamia como segue: "Confesso que não posso proibir uma pessoa de se casar com várias esposas, pois isto não se opõe às Sagradas Escrituras".

Consequentemente, devemos nos guardar contra a tentativa de usar textos antigos para regular ética e morais modernas, especialmente aqueles textos antigos cujos endossos de outras instituições sociais, tais como escravidão, seriam universalmente condenados hoje, mesmo pelos mais partidários dos cristãos.
O texto original pode ser encontrado no site The Des Moines Register.

sábado, 1 de junho de 2013

A poligamia sobrevive em comunidades indígenas no sul do Chile

No sul do Chile, nas comunidades indígenas que habitam a região de Araucanía, algumas mulheres compartilham o mesmo marido, mantendo viva a prática da poligamia que os mapuches exerceram desde os tempos antigos e hoje é pouco conhecido no país, onde não tem respaldo legal.

"Normalmente, é uma prática que é aceita, mas, obviamente, você pode encontrar as mulheres que não querem", diz à agência de notícias EFE a antropóloga Natalia Caniguán Mapuche, que disse que às vezes segundas esposas são irmãs ou parentes da primeira.

"É parte de sua cultura. É tido como normal. Eles estão acostumado e é aceito. Eles vivem em comunidades e no seio das comunidades têm várias famílias", confirma uma assistente social do Fundo de Solidariedade e Investimento Social (Fosis).

Existem cerca de 3000 comunidades mapuches - a principal etnia indígena do país - na região da Araucanía, situada a cerca de 600 quilômetros ao sul de Santiago e onde, segundo números oficiais, cerca de 22,9% da população vive na pobreza ou na pobreza extrema.

Ali, na comuna de Ercilla, o Fosis - dependente do Ministério de Desenvolvimento Social - lançou um projeto dotado de cerca de 100.000 dólares para entregar aos vizinhos ferramentas, maquinários ou animais que lhes permitam aumentar sua renda.

Este programa beneficia a 90 usuários, dos quais 95% são mulheres mapuches, que têm, em média, 3,8 filhos.

Seus maridos, segundo dados desse projeto, possuem uma média de 2,3 esposas, com as quais compartilham vários filhos, embora as mulheres vivam em casas diferentes dentro da mesma comunidade.

Inseridas numa economia de subsistência, elas são as principais provedoras do lar: cuidam de sua prole, semeiam e colhem moagem, cortam e transportam a lenha, extraem a água de poços e nascentes e vendem seus produtos nos povoados mais próximos.

"As mulheres aceitam essa situação e os filhos muitas vezes são amigos", descreve a funcionária do Fosis, que prefere manter-se annônima.

Os homens, assegura, assumem uma carga menor de trabalho e, entre eles, o alcoolismo é um problema recorrente.

Embora, neste caso, pareça ser comum a poligamia, a antropóloga Natalia Caniguán crê que esta prática, pouco conhecida para o resto dos chilenos, já não é tão comum como era antes de 1880, quando o Estado chileno impôs sua lei nessa região.

"As regras matrimoniais mapuches estavam dominads pelas condições de guerra a que estava submetida sua sociedade", explica o renomado antropólogo chileno José Bengoa em seu livro "Historia del pueblo mapuche: Siglo XIX y XX".

Ele acrescenta que "o sistema de troca generalizada de mulheres tendia a assegurar duas questões fundamentais: um alto nível de reprodução da população e uma possibilidade de selar alianças militares. É por isso que os mapuches defendiam a poligamia como um elemento central da organização de sua sociedade".

Segundo Bengoa, um cacique com dez mulheres podia chegar a ter mais de 50 filhos e uma grande quantidade de possibilidades de alianças políticas. "Daí que o rejeição da religião católica sempre se produziu a partir da proibição que esta fazia da poligamia", raciocina.

"Quando a Igreja Católica chegou aos territórios indígenas ela reprimiu a poligamia e impôs um sistema monogâmico", recorda Natalia Caniguán, que aponta que esse costume era próprio de homens com poder econômico, que estava determinado pela posse de terras e animais.

A poligamia, "dada a realidade atual de poucas terras, das divisões territoriais e da migração, já não cumpre esse objetivo", reflete essa especialista.

Na verdade, essa região tem sido há anos cenário de um conflito entre grupos mapuches e empresas agrícolas e florestais, que exigem a devolução de terras que consideram ancestrais.

Assim, em termos econômicos, atualmente, esta prática pode significar inclusive mais gastos para o homem que tem várias esposas e, em termos jurídicos, pode levar a alguns problemas, já que a poligamia não tem cobertura legal no Chile.

Por isso, só uma das esposas pode estar casada legalmente com o homem e isso tem repercussões na partilha da herança, aponta Caniguán: "As terras ficam para os filhos da mulher com quem o homem está casado. As outras não podem receber nada".

Ainda assim, esta prática segue viva, alimentada pela força do costume.

As informações são da agência de notícias espanhola EFE, através do jornal equatoriano El Comercio.